
Quando se fala de santo a gente logo pensa em alguém que vive uma vida de milagres e graças especiais. Pode até ser, mas não é isso que faz a santidade e sim a prática da fé, esperança e caridade.
A vida de Teresinha nada teve de extraordinário. Ela diz que sua passagem pela terra é como uma viagem por um túnel escuro: “se eu não tivesse fé, nunca poderia suportar tanta dor”. De fato, desde muito nova teve um medo exagerado de ficar no escuro, sente-se angustiada diante de qualquer porta fechada, insegurança e sensação de abandono. Teresinha é como uma avezinha frágil, mas com coração e olhos de uma águia que procura atingir o sol. No Carmelo ela procurou apoio e claridade. Mas as trevas não se desfazem. Sua vida é uma noite escura: “Eu estou como num buraco negro”, confessa certa vez a Paulina, sua irmã.
Que acontecerá à pobre avezinha com alma de águia? Ela se lançará com mais decisão à procura do sol. Sem apoio; ela se entrega totalmente a Deus em busca de luminosidade. Mas também aí encontra escuridão. Ela conta: “a falta de consolo espiritual e o quase abandono foi o que me coube. Jesus, como sempre, continuava dormindo em minha barquinha”.
Ela não se deixa afligir. Com um abandono audaz, quer continuar olhando fixamente ao seu divino sol, enquanto Jesus continua “dormindo”, não se manifesta. Exige fé. Como ele próprio já sentira despojado de tudo na cruz queria que Teresinha experimentasse o abandono completo, até das pessoas mais queridas.
Mas a avezinha confiante sabe que se nuvens escuras ocultam o sol de Amor. Ele não muda de lugar. Sabe que atrás das nuvens Ele continua brilhando. Compreendendo esta verdade, Teresinha dizia: “Não quero ver Deus nesta terra, prefiro viver de fé”. Foi vivendo profundamente a fé que ela aprendeu a tirar de suas limitações o seu valor: na “porta fechada” descobriu seu pequeno caminho; nas trevas a luz; na privação, a graça.
Teresinha nos ensina que podemos ser santos, se tivermos fé, esperança e amor, através dos quais perceberemos, na escuridão, a luz da graça. Quando chegarem para nós as trevas do sofrimento, é preciso ter certeza, como Teresinha, de que o Sol de Amor permanece atrás das nuvens. No meio das tempestades da vida, não podemos perder a esperança, ainda que em nossa barca, Jesus permaneça dormindo. Assim nos assemelharemos cada vez mais ao próprio Cristo, a ponto de não serem mais necessárias nem mesmo palavras para nos dirigirmos a Ele. Como aconteceu com Teresinha que, interrogada certa vez sobre o que dizia a Deus na oração, respondeu: “Não digo nada, amo-O”.