Teresinha não saiu do seu mosteiro. O seu campo de batalha (combate) foi lá, dentro do Carmelo, junto com suas co-irmãs; nos embates próprios da vida comunitária, sua espada foi o amor; pois o amor era a sua vocação: “no coração da Igreja eu serei o amor”. Foi no Carmelo, com suas orações e sacrifícios que ela combateu como sempre desejou: combateu com o estandarte da Cruz.
A vida comunitária, no interior de um mosteiro, tem seus desafios e desacertos. É fonte de sofrimento sim, mas também é fonte genuína de crescimento humano e espiritual. Isso não é teoria, meus irmãos, é a mais pura verdade! Quantos santos e santas o Carmelo deu à Igreja? Muitos! Esta santidade só foi alcançada assumindo o desafio de viver a fraternidade.
Como Teresinha, a nossa vocação é o amor. E como ensina o Papa Emérito Bento, “não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia de si mesmo, da transformação e purificação do eu para a verdadeira liberdade.” É necessário enxergar os fracassos, as crises e as dificuldades na ótica da cruz.
Em uma de suas cartas a sua Irma Leonia, Teresinha ensina que é preciso saber aceitar a cruz pensando no amor de Jesus e saber aproveitar as pequenas cruzes como preparação para as grandes: “[…] Sei que os sacrifícios não deixam de a acompanhar. Sem eles, seria meritória a vida religiosa? Não, não! Pelo contrário, são as pequenas cruzes que constituem toda nossa alegria. São mais frequentes que as grandes e preparam o coração para as receber quando esta for a vontade de nosso Bom Mestre”
Meus irmãos e irmãs, onde não houver algo pelo qual valha a pena sofrer, também a própria vida perde o seu valor. Olhe para a vida de Santa Teresinha. Ela era de carne e osso. Olhe para suas co-irmãs. Quantos limites! E Deus fez nela maravilhas.
Teresinha aprendeu a encontrar os sinais de Deus na aridez da vida, a ouvi-lo nos vendavais e a esperá-lo durante a noite. Sim, o caminho espiritual, muitas vezes é marcado pela mais completa aridez. Como diz Adélia Prato, “de vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra e vejo pedra mesmo”.
Teresinha, com o seu testemunho, questiona a atitude dos que se refugiam numa religiosidade alienada, que lhes dá consolo e prazer. Ora, “nem sempre a espiritualidade é brisa. Às vezes, é tempestade”. Com isso não se canoniza o sofrimento. Mas reconhece-se: onde não houver algo pelo qual valha a pena sofrer, também a própria vida perde o seu valor.