Na tarde de 15/06/2012, frei Anderson Emanuel O. Carm, apresentou seu artigo Prazer e drogas: por uma terapêutica alicerçada na ética aristotélica, no Centro Universitário Claretiano, em Curitiba. Este trabalho foi apresentado como conclusão do curso de filosofia e a temática escolhida condiz com a realidade do serviço terapêutico prestado pela Associação Casas do Servo Sofredor. Em síntese buscou-se olhar na ética aristotélica uma proposta de base ao trabalho terapêutico. Confira as fotos e um breve resumo:
INTRODUÇÃO
A “felicidade” é um dos grandes temas debatidos desde a antiguidade. Na sociedade atual, vê-se uma procura desenfreada pela vida feliz, o ser humano quer a todo custo ser feliz “aqui e agora”. As drogas, aparecem na sociedade “rotuladas” como o alcance do prazer imediato, porém seu uso acarreta o vício, afastando cada vez mais o usuário da felicidade. Aristóteles coloca a felicidade no centro da questão ética e aponta três modelos de vida: prazer, política e contemplativa. É, a partir daí, que fundamenta-se a discussão sobre seu conceito de eudaimonía.
O objetivo proposto neste estudo será apresentar a ética aristotélica como um alicerce para o trabalho terapêutico na recuperação do adicto.
METODOLOGIA
O método de pesquisa bibliográfico foi o instrumento utilizado, a partir de livros, artigos e outros elementos que serviram como fontes de pesquisa para alcançar o objetivo pretendido no estudo.
DESENVOLVIMENTO
As drogas são substâncias que trazem consigo uma “propaganda” de prazer imediato. Com isso, muitas pessoas buscam usa-las como “fonte de felicidade”, porém sua ação prazerosa causa o vício, que mais afasta o homem da felicidade do que o aproxima. Com o uso de drogas o homem torna-se escravo, perdendo a sua liberdade, sua consciência ética e moral e distanciando-se do ser feliz.
Aristóteles apresenta em sua ética uma proposta de eudaimonía, ou seja, a felicidade como fim último de todas as coisas. O Homem quer ser feliz, porém confunde-se muitas vezes por não saber o que é vida feliz. Segundo o pensador, existem três tipos de vida: a vida dos prazeres, a vida política e a vida contemplativa. A vida dos prazeres é aquela que se assemelha a vida dos animais, é uma busca do prazer desmedido, que não leva a felicidade, distanciando o homem da mesma, pois o faz ficar preso a futilidades. A vida política é aquele permanentemente marcada por honrarias e “pompas” que também não levam o homem a felicidade. Por outro lado, a vida contemplativa é aquela que leva o homem a tomar consciência de todos os seus atos, impele-o a justa medida nas ações, fazendo-o realmente buscar a felicidade (eudaimonía). Ou seja, toda a vida humana, ações, práticas sejam voltadas para o “fim ultimo”, para o qual todas as coisas tendem.
Aristóteles ainda afirma que a vida contemplativa é a vida que levará o homem a felicidade e que as virtudes são o meio termo das ações do homem, que se afasta de ações viciosas. Em si, a busca pela felicidade em Aristóteles corresponde a uma justa medida encontrada na sua ética das virtudes.
Nessa perspectiva vê-se o adicto como aquele que está em um processo de recuperação das drogas, e que por elas perdeu a sua noção ética, precisando assim reconstruir sua consciência moral e ética. A ética aristotélica será aquela responsável em alicerçar o caminho terapêutico. Com isso, o adicto entenderá que não deve apenas se afastar das drogas, mas da busca da felicidade pela vida dos prazeres. A ética formada no adicto deve ser a perspectiva Aristotélica de eudaimonía alcançada a partir de uma vida contemplativa, onde a virtude é essencial para o ser humano. Mais do que uma pedagogia de tratamento, a ética aristotélica será o alicerce onde será erguida a nova ética do adicto, que foi perdida pelo vício das drogas, sendo escravizado delas.
CONCLUSÃO
Na ética aristotélica encontra-se um caminho filosófico que pode impulsionar os trabalhos terapêuticos de recuperação e reabilitação de dependentes das drogas. O uso dessas substâncias, muitas vezes, pauta-se como a busca desenfreada pelo prazer imediato, busca essa, que para Aristóteles não corresponde com a verdadeira busca pela felicidade. A felicidade aristotélica é pautada sob o aspecto de uma vida além do gozo. Encontra-se assim, em Aristóteles, um alicerce ético na perspectiva terapêutica de afastamento do uso de substâncias psicoativa. A filosofia de Aristóteles encaminha para um bem final, ou melhor, o fim último, para o qual todas as ações tendem: a felicidade. (PROTOCOLO SAV CLARETIANOS 5371534)