A mística carmelita possui um aspecto que, “por si só, acaba com a pseudo-mística da Nova Era: o nexo intrínseco entre a Trindade e todos os demais mistérios humanos”.
“No cristianismo, na mística carmelita, não se pode aplicar o termo 'auto-realizarão', porque nem sequer o homem e a mulher mais desenvolvidos em sua existência podem alcançar por si mesmos a plenitude. Tudo é dom e tarefa, graça e liberdade”.
No livro 'Caminho de Perfeição', de Santa Teresa, podemos encontrar algumas chaves ou antídotos para enfrentar os enganos místicos da Nova Era. No capítulo 16 da grande obra, a mística carmelita rebate o panteísmo da Nova Era: “Ó Senhor! Que todo o dano nos vem de não ter os olhos postos em Vós, que, se não olhássemos a outra coisa senão o caminho, depressa chegaríamos; mas damos mil quedas e tropeçamos e erramos o caminho por não pôr os olhos, como digo, no verdadeiro caminho”.
E, diante da pretensão de salvar-se sozinho, o capítulo 17 do mesmo livro afirma : “Deixai o Senhor da casa fazer o que quiser: sábio é Ele e poderoso e entende o que nos convém e o que lhe convém a Ele também”.
Religiões superadas?
Nova Era “não está contra as religiões, procura superá-las desde dentro”. Neste sentido, resumidamente pode-se afirmar que os “Anos 60: Cristo, sim; Igreja, não. Anos 70: Deus, sim; Cristo, não. Anos 80: religião, sim; Deus, não. Anos 90: espiritualidade, sim; religião, não”. Em outras palavras, assistimos a “passagem de uma religiosidade confessional a outra da experiência, de uma religiosidade institucionalizada a outra personalizada, de uma religiosidade formal a outra mais interiorizada”.
Mentiras da Nova Era
Podemos apresentar as “quatro mentiras ou tentações” espirituais da Nova Era, já podem ser encontradas em Gênesis 3, 1-5, e cuja autoria seria do tentador: “sereis como deuses” (panteísmo), “não morrereis jamais” (reencarnação), 'conhecereis o bem e o mal” (relativismo e subjetivismo moral) e “seus olhos se abrirão” (esoterismo iluminista).
“A fé cristã não é uma iniciação esotérica nem um caminho de iluminação da consciência – explicou. E a salvação não consiste em uma experiência de plenitude cósmica através de um processo de reencarnação.” Se, há algumas décadas (1960-1970), se falava de transformação social, compromisso social, mudança de estruturas (marxismo), hoje se fala de consciência superior, de boas vibrações, de qualidade de vida, de harmonia profunda, de meditação transcendental, de energia, de agir no planetário, de nova ordem mundial e globalização.
Com relação ao perfil de pessoas mais influenciadas por este novo paradigma, arraiga-se entre as pessoas do primeiro mundo, de classe média-alta, entre 25-50 anos – que têm o estômago cheio, mas a cabeça e o coração vazios e que são os grandes ausentes das nossas comunidades cristãs”.
No entanto, “a moda da Nova Era se esfumará, mas as perguntas levantadas por ela permanecerão (…), perguntas que o cristianismo soube e saberá responder a partir do mistério profundo e integral de Jesus Cristo”.