Em tempos de progresso tecnológico, sucesso financeiro, onde a economia brasileira chega próximo das grandes potências, é o grande celeiro de consumo e de investimentos. A Sinfonia brasileira ecoa em tempos de férias, aonde o vai e vem do norte para o sul, do sul para o norte, não mais de pau de arara mais de avião ( até pobre anda de avião, é mais barato).
A grande ópera brasileira que é o Carnaval, dá o norte do calendário. O ano começa mesmo só depois do carnaval.
Os Musicais estão na moda também no Brasil e os artistas brazucas não ficam devendo nada aos da Brodway: “Cabaret”, “Hair”. “Vicente Celestino”, “Tim Maia”, “Mama Mia” e a música clássica voltam a ser ouvida.
Estamos na Pós-Modernidade, mas a “Semana de Arte Moderna de 1922” que completa 90 anos, com exposições em Curitiba, São Paulo, e Rio de Janeiro, mostram o esplendor das artes no Brasil. Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mario e Oswald de Andrade ainda ecoam no Manifesto “Antropofágico”: “Só a Antropofagia nos une: tupy or not tupy that ist the questions. Só me interessa o que não é meu, Lei do Homem, Lei do antropófago. Queremos a Revolução Carahiba maior que a Revolução Francesa. Morte e vida das hipótheses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. SUBSISTÊNCIA. CONHECIMENTO. ANTROPOFAGIA. Contra as elites vegetais em comunicação com o solo. Nunca fomos cathechisados fizemos foi o Carnaval… O índio vestido de senador do império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade do ouro.
CATITI CATITI
IMARA NOTIA
NOTIÁ IMARA
IPEJU (Lua Nova ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim, ) in O Selvagem, de Couto de Magalhães.
Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha. Oswald de Andrade. Macunaima abre a boca e diz: “Aí que preguiça!”.
Nestes dias festivos a Avenida mais famosa não é a Paulista, mas a Sapucaí, onde a arte-popular explodiu na Mangueira, Salgueiro, Vila Isabel, Beija Flor e coroou Luís Gonzaga, Rei do Sertão, na Unidos da Tijuca.
Limparam a Cracolândia e tudo se espalhou na Paulicéia Desvairada. Como prédios “tão bem construídos” podem cair?! Ah! Como está a nossa Engenharia?
De férias na minha terra Natal, “Boa Família – Minas Gerais”, acordo com o canto de um casal de ciriemas no alto do morro, num capão de mato. À noite na pracinha da matriz, no coreto reúnem-se os amigos e a lua cheia surge radiante por de trás de um morro verdejante, faz proclamar como é linda a minha terra, desperta o contador de causos mineiro.
Mergulho numa leitura e me deparo com uma cena: “NO CEMITÉRIO DE PRAGA( Livro de Umberto Eco, aquele que escreveu O nome da Rosa): “Entre aquelas que pareciam as lajes de um pavimento soerguidas em todos os sentidos por um abalo telúrico, se dispusessem curvados, encurvados, encapotados e encapuzados com suas barbas grisalhas e caprinas, rabinos dedicados a um complô. Inclinados também eles como as lápides em que se apoiavam, formando na noite uma floresta de fantasmas crispados. E no centro, ficava o túmulo do rabi Low que no século XVI criara Golem, um ser monstruoso destinado a executar as vinganças de todos os judeus… “Doze indivíduos envoltos em mantos escuros e quase brotando do fundo de um túmulo, uma voz os saudaria como chefes das doze tribos de Israel. A reunião que acontecia de cem em cem anos, tratava de um grande complô…”
Missas na Igreja de São Francisco de Paula, no meio dos parentes, as visitas familiares que restauram nossas raízes. Memórias dos que se foram, o último o Tio Juca ( morreu em novembro passado ao completar cem anos e tia Deolinda.
Retornei, pois o ano precisa começar de novo e aqui estou nesta SINFONIA BRASILEIRA.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm – [email protected]